27 de agosto de 2010

mas se você soubesse o quanto eu ainda te amo...

Depois de muito tempo eu falei com ela. Eu disse: "Oi". Ela respondeu: "Oi". Eu disse: "Tudo bem?". Ela disse: "Tudo e você?". Eu queria ter dito que não, que eu não tinha aprendido a fazer tudo ficar bem sem ela. Queria ter dito que eu estava com saudades, e que eu precisava ouvir o som de sua voz meio rouca, que quando ficava com vergonha era balbuciada, Precisava sentir o calor de seus murmurios em meus ouvidos, dizendo aqueles nossos segredos. Aqueles segredos que me arrepiavam, e logo depois sentir aquele beijo que não encontrei em mais ninguém. Queria sentar num gramado verde e levemente florido, com ela deitada nos meus braços, e enquanto eu bagunço seu cabelo com meu carinhos, ouço ela contar como foi seu dia, ouvir todos os seus problemas, ouvir ela dizer que quebrou a unha ou que brigou com sua mãe, enfim ouvir tudo o que ela quiser falar. Confesso, que eu sempre quis mesmo era ouvir sua voz. Queria por pelo menos mais uma vez, rir enquanto eu vejo ela termina de se arrumar e passeia pela casa ventindo apenas um par do sapato com salto. Queria ter dito que eu queria que ela voltasse pra mim, mas eu disse: "To bem tbm". O Assunto acabou. Quando ela virou, uma lágrima disse tudo que querita ter dito.

20 de agosto de 2010

só por hoje eu serei outro...


Me deparo com tudo que eu vivi até hoje e anseio por mudanças, acho que já passou da hora. Pegar minha vida bem moldada e juntá-la ao calor de uma lareira de brasas tímidas que com calma devoram o que lhe foi jogada para seu almoço. Eu fico ali, no chão, com o reflexo do fogo nos olhos, um cobertor xadrez em minha volta com cabelo que não tive coragem para arrumar, e nem quis ter. Assisto minha vida velha sendo deteriorada por aquelas chamas sem piedade. Sorrio. Posso me levantar, vestir meu sobretudo que há muito está guardado no meu guardarroupa. Olho-me no espelho e vejo que minha alma não condiz com meu corpo. Quero mudanças. E as busco. Até que eu seja por completo aquilo que meus olhos mostravam. Tinha uma vida perfeita, eu sei, mas agora sou novo. Tenho outra chance pra errar o dobro do que eu tinha errado. Me despir e deitar sob lençóis brancos nos braços de quem eu queria ter me deitado. E finalmente encontrar a felicidade em sua mais profunda essência. Venha comigo, dê-me suas mãos suadas. Rasgue tudo jogue para o alto e saboreie o sabor de cada deslize que deres.

14 de agosto de 2010

Morda meus lábios, me faça sorrir...

A madrugada fria vem. Meus olhos inchados mal se abrem. Estou ofegante. Abraço a almofada. Já não luto com as lágrimas, deixo-as escorrer. Imagino seu cheiro. Nada é suficiente afinal você não está aqui comigo. Seus cabelos macios, a sua maquiagem que borrei com meus dedos, seus olhos marcantes, seu toque, sinto falta de tudo. Seu coração. Eu ouvi seu coração enquanto me beijava, eu preciso desse som. Mas eu não sei o que você sente, não sei o que você pensa sobre tudo. Te faz falta? Me diz, me prove. Eu preciso saber que se importa. Você me diz que sim, mas eu não sei, as vezes acho que para você, não vale a pena o esforço de correr atrás. Suspiros. Tento me convencer de que você ainda pensa em mim. Não sei o que pensar, as lágrimas não me deixam. Eu disse lágrimas? Desculpe, aprendi que menino grande não chora.
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"Tomame en tus brazos, soy parte de ti"

12 de agosto de 2010

Hier encore, J'avais vingt ans...

Estou sozinho numa sala fechada, com paredes brancas e vejo minha vida escorrer entre meus dedos trêmulos. Minha juventude passa, e eu tenho medo de como será depois disso, ver meus projetos bem sucedidos, alguns sonhos frustados e sabendo que minha vez já passou. Confesso, tenho medo da velhice. Não quero um dia dizer que na minha época era diferente. Ser só mais um velho que já realizou tudo que tinha para se realizar, ou que pelo menos tenha tentado, esperando a morte chegar, afinal o mundo não precisa mais de mim.
Naquela sala branca, vazia, fria olho-me no espelho e vejo um velho com rugas, cabelos brancos, roupas leves, e olhos de quem já viu muitos amigos morrerem, que já derramou lágrimas por muitos amores, e que disperdiçou os anos pensando que eram dias. E eu não terei outra chance para fazer tudo de novo. Errar tudo o que eu deveria ter errado e tive medo. Sorrir de todos os momentos que eu chorei. E chorei muito. Querendo ultrapassar o tempo que corria mais depressa do que eu imaginava. Olhe pra mim, já não posso subir uma escada correndo, minhas costas doem, minha vida já passou, estou aqui esperando o dia em que tudo escurecerá e aquelas que não notaram meus choros contidos lavarão meu cadáver de lágrimas. Ontem chorei por aquele carrinho quebrado, hoje choro enquanto a cera quente arranca minha barba bruscamente e meus amores me confundem, tenho medo de amanhã estar chorando por ter visto minha vida passar enquanto não a aproveitei, e sozinho numa sala branca em frente a um espelho, esperar tudo acabar e eu ocupar o túmulo que me pertence.


Ontem então, Eu tinha vinte anos
Eu disperdiçava o tempo,
Acreditando que podia pará-lo
E para retê-lo, ou mesmo antecipá-lo
Eu não fiz outra coisa senão correr
E agora estou ofegante
(Charles Aznavour)

6 de agosto de 2010

I want your ugly, I want your disease...


Suas teorias e discursos moralistas me são tão dispensáveis como o gosto de vômito que chega quando olho para sua vida certa, comum e ridícula. Não tente me consertar, eu quero continuar sentindo o sabor da diferença, os traços de espantos em todas as faces e ainda críticas por eu ser diferente de tudo que você acha correto. Não tente consertar o que não se quebrou, enquanto isso tente contar os seus cacos espalhados pelo chão, e que mesmo perfurando-lhe a carne, insistes em não enchergar. Você se diz tão perfeito, segue tão fielmente o que o mundo lhe prega, sem ao menos questionar. Sua hipocrisia é exemplar. Sente-se comigo, aceitas um pedaço da torta? Fale sobre você, fale sobre seus defeitos, quero seu lado mais obscuro, suas falhas e medos. Quando os encontrarem será tarde demais, talvez o melhor que você saiba fazer é me criticar e tentar me convencer de que suas verdades são absolutas. Tolos, Não me resgate, eu quero é me afundar...
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"Quero inventar o meu próprio pecado,
quero morrer do meu próprio veneno."
(Chico Buarque de Holanda)

5 de agosto de 2010

13:44

- Garçom, o que temos pra hoje?
- Palavras vazias, Abraços de gelo, e beijos forçados.
- Hmm...Whisky com gelo, por favor.

Nada de lágrimas, menino grande não chora