23 de junho de 2013

Poucos sabem, mas Prometeu amou o abutre

Sohaib Sehrai | via Facebook

Toda noite eu desisto de você.
Decido parar de me enganar, de idealizar, de perdoar. Decido não sofrer por você.
Pela manhã, o céu claro me faz lembrar seus sorrisos tímidos, seu timbre, o entrelaçar dos seus dedos, suas mordidas. A manhã me traz a vontade de sentir sua pele na minha.
Pela tarde você aparece e com um beijo delicado devora meu fígado, meus sorrisos, meu sono, meus sonhos, meus versos, meus inversos e nem nota isso. Quando a tarde se finda, você parte voando com sua boca ensanguentada.
Então a noite chega, e eu desisto de você. 


O que deu em Prometeu para amar o abutre? 
Quão difícil é parar de achar que vale a pena? 
Prometeu achava que um dia o abutre não o devoraria.
Tolo Prometeu, abutres nunca viram beija-flor. 

1 de junho de 2013

O nós que há em mim.

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Quem acha que se conhece por inteiro, ignora as inúmeras possibilidades de se descobrir alguém novo cada vez que vê a lua. Cada vez que meu olhar toca uma pupila nova, é como se ele implorasse: Me conheça, me descubra, saiba quem eu sou, mas por favor, me apresente esse novo eu que quero tanto levar para passear, tomar um sorvete de morango. 
Quantos sorrisos cabem na minha boca? Quantos olhares cabem no meu olhar? Quantas vezes seu coração pulsa em cada batida? De quantas maneiras você sabe secar uma lágrima?
Se um dia as pupilas pararem de descobrir quem sou eu, é porque a banda parou a valsa e meu eu se esgotou.