26 de junho de 2014

Fino fio preso pelo bote por seus cachos


Despercebida e preciosa é a beleza da metade.
A metade do segundo que antecede o orgasmo
A metade do copo que ainda é vodka e que não foi devorada pela metade gelo
A metade do lábio que fica dentro da boca alheia.
A metade do pé que toca o chão para se alcançar um beijo.
A metade da roupa que cobre só a parte de cima
A metade de uma respiração que se interrompe para ser invadida por um arrepio
e finalmente, a metade do sorriso que teu olhar me rouba.

Meu bicho-homem que me faz bem. Minha medusa sedutora e vulgar. Meu tesão maior. Meu conforto. Meu lugar. Meu eu fora de mim.

sou tua costela-fêmea que implora teu suor
Sou quem vigia teus cabelos desfeitos no epílogo de noite vadia
Sou dente cravado em suas coxas mordidas
Sou fino fio preso pelo bote por seus cachos.
Sou seu beijo de lado
Seu beijo de cabeça pra baixo.
Seu beijo excitado
Seu beijo mordido
Seu beijo devorado

E quando as horas se confundem. As pernas se confundem. O suor se confunde. Toco meu lábio no seu e percebo que não quero saber o que sou eu e o que é você. Eu só quero ter a certeza de que amanhã poderei olhar seus lábios e dizer: obrigado por estar aqui, eu te amo.


"não há você sem mim, e e eu não existo sem você"
(Antonio Carlos Jobim / Vinicius de Moraes)

22 de junho de 2014

mariposas, as vezes, têm cor de bosta


♯
     
     As vezes a gente só precisa de um novo corte de cabelo, uma nova banda preferida, um novo prato, uma nova bebida ou uma nova gozada. Para então, lembramos quem somos, ou quem já não queremos ser. Quem nos entedia. Nos mata. Matamos. 
       Renovemo-nos. Que doa o arrancar de peles no casulo. O livrar-se da entediante vida de lagarta. E que mesmo que nasça uma mariposa de cores de bosta. Que seja a mais sensual e envolvente mariposa com cor de bosta.