28 de fevereiro de 2012

Mesmice

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Mesmos medos.
Mesmas angústias.
Mesmas pressões.
Mesmas frases feitas.
Mesmas incertezas.
Mesmas noites ruins.
Mesmas lágrimas.
Mesmos cafés amargos.
Mesmos sonhos.
Mesmas dificuldades.
Mesmos perigos.
Mesmos problemas.
Mesmos conflitos internos.
Mesmas dúvidas.
Mesmas inseguranças.

A única diferença é que agora eu conheço o gosto da derrota.
maldito
                             doloroso
                                                    e amargo gosto da derrota.

20 de fevereiro de 2012

Se os tubarões fossem homens

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Se os tubarões fossem homens, construiriam no mar grandes gaiolas para os peixes pequenos, com todo tipo de alimento, tanto animal quanto vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tivessem sempre água fresca e adaptariam todas as medidas sanitárias adequadas. Se, por exemplo, um peixinho ferisse a barbatana, ser-lhe-ia imediatamente aplicado um curativo para que não morresse antes do tempo. 
Para que os peixinhos não ficassem melancólicos haveria grandes festas aquáticas de vez em quando, pois os peixinhos alegres têm melhor sabor do que os tristes. Naturalmente haveria também escolas nas gaiolas. Nessas escolas os peixinhos aprenderiam como nadar alegremente em direção à goela dos tubarões. Precisariam saber geografia, por exemplo, para localizar os grandes tubarões que vagueiam descansadamente pelo mar. 
O mais importante seria, naturalmente, a formação moral dos peixinhos. Eles seriam informados de que nada existe de mais belo e mais sublime do que um peixinho que se sacrifica contente, e que todos deveriam crer nos tubarões, sobretudo quando dissessem que cuidam de sua felicidade futura. Os peixinhos saberiam que este futuro só estaria assegurado se estudassem docilmente. Acima de tudo, os peixinhos deveriam rejeitar toda tendência baixa, materialista, egoísta e marxista, e denunciar imediatamente aos tubarões aqueles que apresentassem tais tendências. 
Se os tubarões fossem homens, naturalmente fariam guerras entre si, para conquistar gaiolas e peixinhos estrangeiros. Nessas guerras eles fariam lutar os seus peixinhos, e lhes ensinariam que há uma enorme diferença entre eles e os peixinhos dos outros tubarões. Os peixinhos, proclamariam, são notoriamente mudos, mas silenciam em línguas diferentes, e por isso não se podem entender entre si. Cada peixinho que matasse alguns outros na guerra, os inimigos que silenciam em outra língua, seria condecorado com uma pequena medalha de sargaço e receberia uma comenda de herói. 
Se os tubarões fossem homens também haveria arte entre eles, naturalmente. Haveria belos quadros, representando os dentes dos tubarões em cores magníficas, e as suas goelas como jardins onde se brinca deliciosamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam valorosos peixinhos a nadarem com entusiasmo rumo às gargantas dos tubarões. E a música seria tão bela que, sob os seus acordes, todos os peixinhos, como orquestra afinada, a sonhar, embalados nos pensamentos mais sublimes, precipitar-se-iam nas goelas dos tubarões. 
Também não faltaria uma religião, se os tubarões fossem homens. Ela ensinaria que a verdadeira vida dos peixinhos começa no paraíso, ou seja, na barriga dos tubarões. 
Se os tubarões fossem homens também acabaria a ideia de que todos os peixinhos são iguais entre si. Alguns deles se tornariam funcionários e seriam colocados acima dos outros. Aqueles ligeiramente maiores até poderiam comer os menores. Isso seria agradável para os tubarões, pois eles, mais frequentemente, teriam bocados maiores para comer. E os peixinhos maiores detentores de cargos, cuidariam da ordem interna entre os peixinhos, tornando-se professores, oficiais, polícias, construtores de gaiolas, etc. 

Em suma, se os tubarões fossem homens haveria uma civilização no mar.

(Bertolt Brecht)

17 de fevereiro de 2012

Se eu fosse modesto, seria perfeito.

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Quem fez da modéstia uma virtude esperava que todos passassem a falar de si próprios como se fossem idiotas.
O que é a modéstia senão uma humildade hipócrita, através da qual um homem pede perdão por ter as qualidades e os méritos que os outros não têm?

(Arthur Schopenhauer)

11 de fevereiro de 2012

fraqueza

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Eu queria acreditar que isso não é um adeus, que tudo vai ser igual, que você não me deixará para trás e que no fim riremos disso juntos.
O mais difícil com certeza é aceitar, aliás, o mais difícil é entender isso que eu estou sentindo . Não sei se estou feliz ou se estou triste. O mais provável é que seja tristeza, afinal que felicidade é essa que faz eu me sentir como a pior e mais descartável das pessoas.
Mas você está bem, isso que importa. Ah esse sou eu, sempre te pondo a frente de mim. Acho que talvez esse seja o problema. Quando você se afastar e encontrar pessoas melhores, eu não conseguirei mais te por a frente de mim, e terei que começar a cuidar dos meus sentimentos, das minhas dores... Ah, não consigo acreditar que é um adeus... Só te peço que não te esqueças de mim por completo, pois independente de qualquer coisa, sempre estarei pensando em você.

8 de fevereiro de 2012

...

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Agora não da mesmo pra ser feliz, é impossível. Mas quem disse que a gente precisa ser sempre feliz ? Isso é bobagem. Como Vinícius cantou "é melhor viver do que ser feliz". Porque, pra viver de verdade, a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Achar que vai dar e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói, ai, doi demaais. Mas passa. Está vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que estou falando a verdade. Eu não minto. Vai passar.

Caio Fernando Abreu

5 de fevereiro de 2012

preciso que todos acreditem


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Estou saindo, vou vestir a melhor camiseta, o melhor sapato e aquele jeans preferido...
Ah, já ia me esquecendo,  preciso vestir aquele falso sorriso mais convincente também...

3 de fevereiro de 2012