Toda noite eu desisto de você.
Decido parar de me enganar, de idealizar, de perdoar. Decido não sofrer por você.
Pela manhã, o céu claro me faz lembrar seus sorrisos tímidos, seu timbre, o entrelaçar dos seus dedos, suas mordidas. A manhã me traz a vontade de sentir sua pele na minha.
Pela tarde você aparece e com um beijo delicado devora meu fígado, meus sorrisos, meu sono, meus sonhos, meus versos, meus inversos e nem nota isso. Quando a tarde se finda, você parte voando com sua boca ensanguentada.
Então a noite chega, e eu desisto de você.
Então a noite chega, e eu desisto de você.
O que deu em Prometeu para amar o abutre?
Quão difícil é parar de achar que vale a pena?
Prometeu achava que um dia o abutre não o devoraria.
Tolo Prometeu, abutres nunca viram beija-flor.