22 de maio de 2011

Entulhado de lágrimas contidas

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Mofando no canto de um quarto empoeirado, encontro-me. Um entulhado de lágrimas contidas. Essa maldita vontade de deixar transbordar todo medo, aflição e desespero que carrego dentro de mim, toda essa angústia que me sufoca, que me impede de ir para frente. Vejo correr por entre meus dedos, todos os meus sonhos. Tudo aquilo que sempre quis. Ah, como é difícil acreditar, ter fé de que tudo vai acabar bem, quando cada sopro diz o contrário. Sinto-me desgastado, podre, como uma velha portinhola que não fecha mais. A cada dia sou obrigado a devorar, como um cão faminto, cada pedaço da minha pele. Farto-me com o horrível sabor das minhas entranhas. Mortifico cada centímetro da minha carne, para poder manter-me de pé, com essa linda fase rosada de quem vive feliz. Ah, dói saber que isso não é nem o começo.
Ouvindo o barulho da chuva la fora do quarto, encontro-me. Um entulhado de lágrimas contidas. Vejo todas as minhas energias sendo gastas. Provo do maior medo que se poderia ter, provo do medo de ser obrigado a desistir dos meus sonhos, meus ideais. A cada segundo que passa, sinto-me mais afogado nessas lágrimas internas. Estou sufocando. Necessito que essas lágrimas saiam de dentro de mim, preciso voltar a ficar de pé, mas não consigo. Não Posso. Não posso me dar ao luxo de chorar. Sou um Menino grande, e menino grande não chora.
Sozinho no quarto escuro , encontro-me. Um entulhado de lágrimas contidas. Afogando-me. Ah, como eu queria saber chorar.

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