O acinzentado e opaco olho da mãe ao ver o corpo do filho.
Um ensanguentado corpo que já não assumia feições humanas.
Sacro corpo do homem que quis amar.
Cordeiro inocente levado ao matadouro.
As autoridades lavavam suas mãos e não assumiam a culpa da
morte daquele. Os sacerdotes justificavam a sentença. A multidão ali presente caçoava, regozijava e se alimentava do sofrimento
de quem ela acusava de pecador.
No corpo morto, marcas narravam tortura. Humilhação. Dor. O sofrimento do
homem tinha as lágrimas fundidas ao sangue. Que teve esperança de escapar, até que entendeu que não sairia dali.
Covardemente morto e consumido pelo pânico de não poder fugir.
Covardemente morto e consumido pelo pânico de não poder fugir.
Os assassinos escreveram um letreiro dizendo por que matavam. Queriam que todos tivessem
medo e deixassem de amar como ele amou.
O acizentado e opaco olho da mãe com seu filho morto nos
braços transbortava uma alma que agonizava. Olhando por entre a carne exposta,
ela tenta reconhecer os traços daquele menino que um dia ele foi, que ela amou,
que ela embalou e que agora não vive. Dolorosa pietà.
Essa Barbárie dói.
Naquela mãe.
Nos que amam.
Em mim.
Esses relatos, poderiam ser sobre a paixão de Jesus Cristo, mas são sobre o cruel assassinado de João Antônio Donati, aquele que a homofobia também matou.
Naquela mãe.
Nos que amam.
Em mim.
Esses relatos, poderiam ser sobre a paixão de Jesus Cristo, mas são sobre o cruel assassinado de João Antônio Donati, aquele que a homofobia também matou.